Confiar - um filme, uma mensagem, uma lição, um alerta...
- ÉRICO BORGO
- 15 de abr. de 2016
- 2 min de leitura
SINOPSE
Após pensar muito Will(Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener) resolvem presentear sua filha Annie(Liana Liberato) com um computador. O casal está convencido de que havia criado seus três filhos em um ambiente aberto e saudável e que já poderia confiar em Annie. Quando Annie faz um novo amigo pela internet - um garoto de 16 anos chamado Charlie que ela conheceu num chat de relacionamento, Will e Lynn deram toda a atenção. Sentaram com a filha, conversaram sobre o assunto e viram as fotos que o menino tinha enviado. Quando Annie e Charlei marcam um encontro, sem que os pais dela saibam, o que acontecerá em apenas 24 horas irá mudar a família para sempre. ASSISTIR

RESENHA
Na trama de Confiar (Trust, 2010), a menina Annie (Liana Liberato) começa uma relação via Internet com um garoto da Califórnia, Charlie. O rapaz, porém, logo começa a revelar-se mais velho. Annie sabe que está traindo a confiança dos pais, Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener), mas continua as interações, apaixonando-se pela presença online - que segue aos poucos com seu jogo.

Em seu segundo trabalho como diretor no cinema, David Schwimmer (o Ross de Friends) realiza uma espécie de filme-denúncia, um panfleto comparável aos documentários unilaterais de Michael Moore.
O tema escolhido por Schwimmer para suceder Maratona do Amor, a pedofilia e abuso de menores, não merecia mesmo uma abordagem por vários ângulos. Mas como obra de entretenimento, Confiar é extremamente maçante. O tema não permite interpretações, mas não precisava também ser absolutamente convencional na estrutura e linguagem.
O ex-Friend é diretor da Rape Foundation há uma década - e está envolvido com a organização que dá apoio a vítimas de assédio sexual, com atenção especial a estudantes colegiais e adolescentes. Assim, o filme faz um checklist de situações encontradas em casos como esse, explicando desde a reação da família às táticas de assédio dos predadores sexuais e o comportamento das vítimas, passando até pela abordagem do FBI aos casos e técnicas forenses. A trama é panfletária até no reforço às críticas que a marca de roupas American Apparel recebe pelas campanhas sexualizadas (que, sim, são de extremo mau-gosto, mas exageradas e implausíveis no contexto do drama).
A impressão é que se Schwimmer tinha tanto a dizer e tantos pontos a cobrir não deveria ter realizado um comercial de duas horas da Rape Foundation, mas um documentário de verdade. Ao menos o cineasta novato sabe como trabalhar com atores e escolheu um ótimo elenco. Owen e Keener estão ótimos e a menina Liana Liberato é igualmente competente em seu papel. A opção por uma atriz de 14 anos, uma raridade em filmes assim, que sempre buscam intérpretes mais velhas para amenizar o impacto, é igualmente bem-vinda. De qualquer maneira, uma obra de não-ficção teria causado muito mais impacto (o filme sequer foi lançado em amplo circuito nos EUA) e poderia se utilizar melhor da celebridade de Schwimmer para alardear a causa. ASSISTIR
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